Olá, pessoal!
Sejam todos bem-vindos!
Quando o assunto é redação, a reação é quase
unânime: caras feias e uma certa cautela para começar a escrever. Não existe
milagre que nos faça escrever bem, o que há, na verdade, é força de vontade
aliada à técnica e à prática. Prontos? Então, mãos à obra!
Inicialmente, é preciso saber analisar os assuntos
mais comuns na prova do ENEM. Geralmente, são temas de abordagem social que reiteram a necessidade de defesa de um ponto de vista
e de propostas que não firam os direitos humanos.
A seguir, estão listados todos os temas de redação do ENEM ao longo desses anos:
1998: Viver e
aprender.
1999: Cidadania e
participação social.
2000: Direitos
da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional?
2001:
Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em
conflito?
2002: O direito
de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações
sociais de que o Brasil necessita?
2003: A violência
na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?
2004: Como
garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?
2005: O trabalho
infantil na realidade brasileira.
2006: O poder de
transformação da leitura.
2007: O desafio
de se conviver com as diferenças.
2008: Ações de
preservação da Floresta Amazônica.
2009: O
indivíduo frente à ética nacional.
2010: O trabalho
na construção da dignidade humana.
2011: Viver em
rede no século XXI: os limites entre o público e o privado.
Temas complexos? Complicados? Não necessariamente.
O candidato preparado e bem informado sobre o modelo de prova leva vantagem. É
preciso analisar o histórico do exame, conhecer o perfil das propostas e dominar
a estrutura desse tipo de texto.
Para começo de conversa...
A tipologia textual cobrada é a dissertação argumentativa. Esse tipo de
texto tem por característica básica a construção de um posicionamento crítico claro e objetivo diante de uma temática.
Primeiro, é preciso entender que dissertar não é o mesmo que argumentar, apesar de muitos pensarem
dessa maneira. Dissertar é “falar sobre algo”, “discursar”. A argumentação, por
sua vez, já propõe a defesa de uma ideia. Dessa forma, quando dissertamos de
maneira argumentativa, ao mesmo tempo em que discursamos sobre um tema, nos
posicionamos criticamente, estabelecendo um discurso persuasivo.
Apesar de a dissertação argumentativa trabalhar com a
persuasão, não estabeleça interlocução
no seu texto, ou seja, não converse diretamente com o leitor.
Além disso, uma das principais orientações para se
construir uma dissertação é não
utilizar a primeira pessoa do singular. Entretanto, muitos alunos ainda têm
dúvidas quanto a isso. Geralmente, ouço perguntas do gênero:
“Como escrever sobre um assunto, tendo de defender
uma ideia própria, mas sem utilizar a primeira pessoa?”
Ou ainda:
“Como expressar aquilo que eu penso sem escrever
‘eu acho’ ou ‘na minha opinião’ ?”
É importante estabelecermos uma diferença entre parcialidade e subjetividade. É possível, sim, defender uma visão sobre um tema
sem transparecer emotividade.
Ser parcial
é defender um lado; ser subjetivo é ser pessoal, expressivo, emotivo.
Observe o exemplo a seguir:
Tema: a importância da política para o desenvolvimento
social.
Analisemos as duas sentenças construídas sobre
esse assunto:
I) Eu acho
um absurdo o descompromisso de alguns políticos com o país.
II) É
preciso que haja mudanças na estrutura política do país.
Note que a sentença I, além de parcial, é extremamente subjetiva. Marcas gramaticais como o verbo na primeira
pessoa e o uso da expressão qualificadora “um absurdo” transparecem uma forte
emotividade. Já a sentença II não deixa de expor uma opinião, no entanto, não é subjetiva como a primeira.
O discurso da sentença II é o correto quando se trata de um texto dissertativo argumentativo. Lembrem-se de que a defesa de um ponto de vista é
fundamental e, para isso, não é
necessário ser subjetivo.
Não há dúvidas: uma argumentação contundente é imprescindível. Esse é um dos critérios
que mais pesam na construção do texto. Devemos fundamentar bem nossa opinião, não “ficar em cima do muro” e estabelecer
um discurso claro e objetivo. Uma redação com bons argumentos sai na frente da
disputa.
A estrutura
textual –
noções básicas
Uma dissertação argumentativa divide-se,
basicamente, em três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão. Ao longo de nossas próximas
aulas, iremos analisar mais profundamente cada uma delas.
Na aula de hoje, veremos apenas um breve esquema:
INTRODUÇÃO: corresponde ao primeiro parágrafo do
seu texto. Nela, apresenta-se o tema, contextualizando o leitor, e
formulação a chamada tese que se
trata de uma ideia central sobre o assunto, uma opinião formada sobre o tema.
DESENVOLVIMENTO: cada parágrafo dessa parte
corresponde a um argumento. É nessa parte do texto que se desenvolvem as ideias
que sustentarão a tese inicial.
CONCLUSÃO: parte final do texto. Nesse último
parágrafo, retoma-se a tese e finaliza-se o raciocínio. É comum a formulação de
propostas e de sugestões relacionadas ao tema desenvolvido.
Após compreendermos o objetivo e as
características gerais de uma redação dissertativa argumentativa, poderemos
aprofundar outras questões: a estrutura, as técnicas de argumentação, os tipos
de introdução, a conclusão da ideia...
Mas isso já é assunto para as próximas aulas!
Não tenham medo de escrever. Pratiquem, testem,
explorem suas ideias. O momento de lapidar o conhecimento é agora. Assim, vocês
se sentirão muito mais seguros na hora em que o jogo estiver valendo,
A redação não é um bicho de sete cabeças e juntos
vamos perceber isso!